Não foi numa noite de lua que a revi. Nem era um dia chuvoso. Era uma manhã fria e ensolarada de agosto. Para variar, eu estava com sono por ter passado a noite anterior num estado vegetativo. Não saia, não bebia e não amava. Ficava por dias e dias sem ver a luz do Sol nem o cheiro da minha amada Lua.
A ligação tinha me deixado surpreso. Tinham me dito que tinha sido aprovado No exame e devido a que às duas pessoas que tinham ficado na minha frente não tinham condições de assumir uma disciplina universitária como professor substituto e montar um plano de ensino em apenas cinco dias. E eu tinha? Não, certamente não. Estava enferrujado e não queria ver ninguém. Só que precisava do dinheiro. O desespero por me inserir novamente no sistema tinha me feito aceitar o desafio. Estava exausto. Estava vencido e queria morrer. Só que tinha decidido que ainda não era a hora.
Segunda, estava pontualmente às 7:30 horas na frente do Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Tinha acabado de fazer 26 anos e estava prestes a iniciar uma vida nova. Tinha me formado em Ciências Sociais e minha tese de mestrado era sobre o movimento militar fora do Brasil na época da ditadura, ou como é academicamente chamado: CCC Internacional.
Tinha nascido na França, no exílio dos meus pais. Meu pai, Javier Aguirre, era Uruguaio e minha mãe, Sofía, tinha nascido no interior de São Paulo. Conheceram-se no primeiro ano da faculdade de Filosofia, nas reuniões secretas sobre o movimento MR-8, que estava sendo fundado nessa época. Tinham sido ativistas sociais em favelas paulistas, tentando unir o povo à revolução armada. Tinham tido sucesso, em partes. Tiveram que sair do Brasil à força, e foram morar numa pacata cidadezinha nos arredores de Le Mans. Meu pai foi assassinado naquela cidade, no único homicídio do ano. Um jovem mulato, com casaco militar tinha descarregado um trinta e oito pelas costas. Não foi roubo, pois ele possuía sua carteira com todo o dinheiro e seus documentos falsos. O processo foi arquivado e a causa foi esquecida. Mas tinha sido um ajuste de contas comandado pelo General Figueiredo com seus queridos brasileiros exilados. Minha tese comprovava isso.
E era sobre isso que deveria discursar nos próximos seis meses: Ditadura Brasileira para os calouros dos cursos de História e Ciências Sociais. Tinha certeza que me daria bem. Só que não contava com o que o destino tinha predestinado para mim.
Voltando à frente do grandioso CFH, procurei pela coordenadoria dos cursos e me apresentei. Minha aula começaria só as 10:10 mas precisava me ambientar novamente no mundo acadêmico brasileiro e catarinense. Estava na cidade faz três meses e só tinha ido à universidade no dia do concurso. Não me interessava pelo ensino, queria começar a fazer meu doutorado em Antropologia Social e cuidar de minha mãe enferma. Mas meu orientador na USP tinha me dito que haveria um concurso na minha área e não custava nada eu tentar. Eu fiz caso dele e me candidatei sem grandes pretensões. No final acabei passando.
Depois de vários cigarros e alguns cafés, decidi adiar minhas leituras sobre o movimento social peruano e me dirigi à sala de aula.
Sala 303. O pessoal estava aglomerado na frente da porta, levando xingamentos básicos de veteranos eufóricos por novas mentes pensantes nos seus respectivos cursos. Poderia ser muito bem confundido com aqueles rostos virgens de conhecimento específico e sentir o conforto de ficar sentado por horas e horas absorvendo baboseiras para depois tirar uma ou duas frases.
Abri a porta e decidi agonizar um pouco mais o sofrimento dos meus novos alunos. Abri a porta e fui fumar um cigarro. Aquele mundo de gente entrou e com eles aquele aluvião de veteranos querendo o couro dos coitados. 10 minutos depois, retornei na sala e me deparei com a maior surpresa de minha vida.
Continua em breve... sem tempo no momento para continuar.
A ligação tinha me deixado surpreso. Tinham me dito que tinha sido aprovado No exame e devido a que às duas pessoas que tinham ficado na minha frente não tinham condições de assumir uma disciplina universitária como professor substituto e montar um plano de ensino em apenas cinco dias. E eu tinha? Não, certamente não. Estava enferrujado e não queria ver ninguém. Só que precisava do dinheiro. O desespero por me inserir novamente no sistema tinha me feito aceitar o desafio. Estava exausto. Estava vencido e queria morrer. Só que tinha decidido que ainda não era a hora.
Segunda, estava pontualmente às 7:30 horas na frente do Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Tinha acabado de fazer 26 anos e estava prestes a iniciar uma vida nova. Tinha me formado em Ciências Sociais e minha tese de mestrado era sobre o movimento militar fora do Brasil na época da ditadura, ou como é academicamente chamado: CCC Internacional.
Tinha nascido na França, no exílio dos meus pais. Meu pai, Javier Aguirre, era Uruguaio e minha mãe, Sofía, tinha nascido no interior de São Paulo. Conheceram-se no primeiro ano da faculdade de Filosofia, nas reuniões secretas sobre o movimento MR-8, que estava sendo fundado nessa época. Tinham sido ativistas sociais em favelas paulistas, tentando unir o povo à revolução armada. Tinham tido sucesso, em partes. Tiveram que sair do Brasil à força, e foram morar numa pacata cidadezinha nos arredores de Le Mans. Meu pai foi assassinado naquela cidade, no único homicídio do ano. Um jovem mulato, com casaco militar tinha descarregado um trinta e oito pelas costas. Não foi roubo, pois ele possuía sua carteira com todo o dinheiro e seus documentos falsos. O processo foi arquivado e a causa foi esquecida. Mas tinha sido um ajuste de contas comandado pelo General Figueiredo com seus queridos brasileiros exilados. Minha tese comprovava isso.
E era sobre isso que deveria discursar nos próximos seis meses: Ditadura Brasileira para os calouros dos cursos de História e Ciências Sociais. Tinha certeza que me daria bem. Só que não contava com o que o destino tinha predestinado para mim.
Voltando à frente do grandioso CFH, procurei pela coordenadoria dos cursos e me apresentei. Minha aula começaria só as 10:10 mas precisava me ambientar novamente no mundo acadêmico brasileiro e catarinense. Estava na cidade faz três meses e só tinha ido à universidade no dia do concurso. Não me interessava pelo ensino, queria começar a fazer meu doutorado em Antropologia Social e cuidar de minha mãe enferma. Mas meu orientador na USP tinha me dito que haveria um concurso na minha área e não custava nada eu tentar. Eu fiz caso dele e me candidatei sem grandes pretensões. No final acabei passando.
Depois de vários cigarros e alguns cafés, decidi adiar minhas leituras sobre o movimento social peruano e me dirigi à sala de aula.
Sala 303. O pessoal estava aglomerado na frente da porta, levando xingamentos básicos de veteranos eufóricos por novas mentes pensantes nos seus respectivos cursos. Poderia ser muito bem confundido com aqueles rostos virgens de conhecimento específico e sentir o conforto de ficar sentado por horas e horas absorvendo baboseiras para depois tirar uma ou duas frases.
Abri a porta e decidi agonizar um pouco mais o sofrimento dos meus novos alunos. Abri a porta e fui fumar um cigarro. Aquele mundo de gente entrou e com eles aquele aluvião de veteranos querendo o couro dos coitados. 10 minutos depois, retornei na sala e me deparei com a maior surpresa de minha vida.
Continua em breve... sem tempo no momento para continuar.
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