segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Eu vou sentir saudades de momentos que não vivi

É. É simples. É isso. Vou sentir falta de ocasiões que não vivi. Só pensei. Pensei que poderiam dar certo. Pensei que, dessa vez, apenas dessa vez. As coisas poderiam ter sido diferentes.

Mas não. A vida é cíclica. É um eterno embate rumo à grande tristeza.


Em dezembro faz um calor danado, assim que tomei um banho (mais um) e acabei descendo para um tomar um café na rua de baixo. É uma época terrível.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

E seu eu, simplesmente, fosse você?

Confesso que depois deste tempo todo, ainda sinto falta do teu abraço. Estou sendo sincero, é verdade. Mas também sou sincero ao ponto de dizer que todo o amor que eu sentia, em partes, acabou se transformando em um grande... nada.

Prometi ser sincero e estou sendo. Ainda não te esqueci. Posso não lembrar qual livro você estava lendo na cafeteria, aquela vez que atravessei a cidade só para eu poder ficar uns minutos com você. (talvez você estivesse escrevendo ou até mesmo mexendo no celular). Confesso que não lembro mais qual sua cor favorita ou aquele apelido de infância que você me comentou, envergonhada, apenas uma vez. É, minha memória, para algumas coisas, anda meio estragada. Talvez seja a idade.

Mas há coisas que não posso (e talvez, nem queira) esquecer.  Não há como negar que lembro de cada detalhe do seu rosto e das centenas (ou serão milhares?) de sardinhas . Ou da imensidão que o verde dos seus olhos emana quando resolvia encarar eles, antes de você sorrir e eu, envergonhado, inventasse uma desculpa qualquer.

Também me nego (embora isso seja uma cisma pessoal e até fui orientado por você a esquecer) a esquecer de todas aquelas manhãs que acordamos juntos, que passamos juntos e vividas juntos. SIM. Vivemos juntos momentos que marcaram algo difícil de explicar. Algo que muda nossa vida e não muda com o tempo. Não sei se, aos quase 20, você consiga entender isso. 

Até porque nem eu consigo entender.

Mas tento. E tento. 

E não passa um dia sequer que não vejo a teu rosto refletido no reflexo da janela do meu quarto.

Eu não quero nada mais. Eu não sei o que está acontecendo aqui.  

Eu quero ir embora, mas quero ficar. 

Ficar preso a algo que não entendo. Talvez pela falsa esperança de um dia você voltar, como o filme “Julieta” de Almodóvar sabe? Provavelmente não. Filme não era a sua praia. Você achava Almodóvar chato e sem nexo. Preferia animações da Pixar. 

Certamente, você surpreende a quem esbarrar com você, como foi o meu caso.

Com carinho, do fantasma preso ao passado no presente,



Fernando R. Edmur.
Escrito no inverno de 2016

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

As fases do amor - Parte II

Tinham se passado muitos dias. Dias tristes, com poucas horas de sono e muita infelicidade. Eu era orgulhoso e não queria dar o braço a torcer. Porém, ela era uma leonina com ascendente em leão, lua em leão e a puta que a pariu. Tive que ceder. Liguei.

- Oi.
- Oi?
- Quem é?
- Quem é?
- É o Frederico.
- É o Frederico?
- É.
- ...

O silêncio tomou conta do ambiente. Eu sempre achei o máximo quando duas pessoas ficam em silêncio, juntas, fazendo nada. Mas até quem nunca viveu isso sabe que não era o caso desta situação.

Desliguei o telefone e fui usar drogas. Vamos sofrer do jeito tradicional, ousar não vale a pena neste causo.


terça-feira, 13 de setembro de 2016

As fases do amor - Parte I


- Que bom que ainda temos bastante tempo para ficarmos juntos hoje.
- Sim, minha namorada está chegando da cidade dos pais só de noite. Posso ficar aqui o dia inteiro.

Estavam nus. Abraçados. Morena e Eduardo eram amantes silenciosos, daqueles que ninguém suspeita nada.

- Deixa eu pegar meu celular, quero te mostrar uma foto.
- Vou te soltar, mas se demorar muito vou correndo atrás de você. Não consigo ficar muito tempo assim, sozinho.

Morena era loira, tinha 21 anos (na verdade 20, mas faria aniversário em poucas semanas), era caloura de humanas e tinha no seu olhar aquela inocência de inicio de vida. Carregava uma mochila cheia de livros (Paulo Freire, Lênin, Marx...) e de sonhos. Andava sempre cansada devido às poucas horas de sono. Tinha um olhar penetrante. Azul penetrante.

Já o Eduardo era o Eduardo. Ou o Duda. Na casa dos 30, andava naquela fase de não saber o que fazer da vida. Tinha tentado vários nadas. Estava no momento de decolar, mas estava com medo. Trabalhava e fingia que estudava. Mantinha um relacionamento conturbado com Ana, aquela menina que achava certa para ele. Ana amava. Eduardo, enrolava.

- Quem é?
- O Marcelo. É um menino que conheci na festa que fui semana passada, no sábado, lembra que te contei? Que te liguei bêbada e você não atendeu? haha..
- Hmmmm... lembro.
- Então, estou saindo com ele. Ele também estuda na universidade. Tem 23 anos e acabou de chegar de São Paulo. Ontem não consegui chegar cedo porque estava na casa dele. Acreditas que o sexo com ele foi tão maravilhoso quanto o nosso? Uma hora, fechei os olhos e achei que era você.

Morena e Eduardo tinham se visto algumas vezes no ponto de ônibus do Centro de Educação, enquanto Eduardo estava fazendo uma matéria como aluno ouvinte do mestrado. Um dia, Morena veio e pediu um cigarro; ele perguntou às horas. Os dois conversaram durante mais de uma hora na cantina da universidade. Ela matou aula e ele deixou a Ana esperando sozinha na fila do cinema. Fingiu uma enxaqueca feroz.

Os encontros casuais passaram a ter periodicidade: terça e sexta. Eduardo inventou um grupo de estudos e a vontade de retornar seus estudos acadêmicos. Morena inventou nada, mas gostava de ter esse amor proibido e proibitivo. 

- Eu preciso ir embora.

Disse Eduardo com voz rasgada, entre dentes. Mais do que uma fala, era um rugido. A besta foi abatida com uma flechada direta ao coração.

- Mas meu bem, está cedo... Você acabou de dizer que a Ana só chega de noite e minha mãe está viajando...

- Tchau, tchau... vou aproveitar e comprar um livro para Ana, fazemos 3 anos, 8 meses e 13 dias amanhã.

E é realmente engraçado que o amor se manifeste desta maneira em nossa vida: tão suja, pura e repentinamente.

Palhoça, inverno de 16'


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

João e Maria

Eu não lido muito bem com perdidas.

Estou desolado em pensar em deixar algo para trás. Talvez isso é loucura minha mas, com certeza, não há maneira de saber se dará certo. Nunca dá. E é uma merda.

Para exemplificar o causo, o exemplo é algo a se partilhar: "João amava Maria. Maria amava muito João. Um dia, João acordou com dores no peito. Era Saudades de Maria. Ao invés de dizer isso a Maria, João conheceu Rita, conheceu Ivone e conhecer Malú. Malú não era uma pessoa fácil. Malú até gostava de João, mas gostava de Gustavo, de Peter e do Alcino. E da Rita. E da Joana. João nosso anti-herói, estava afoito em seus sentimentos. João amava Rita. João amava muito a Rita. Ficou agressivo. Calado. João morreu de tristeza.

E dizem por aí, assobiando pela parte baixa do centro da cidade, que Rita era jovem demais para viver um amor com o João".

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Um brinde a mim mesmo!

O que eu faria se pudesse voltar ao tempo?

Certamente voltaria ao dia de ontem. Ao momento do abraço, do sorriso, do beijo conivente com a situação; ao olhar cúmplice e terno. Ao brinde pela última cerveja da noite e pela omissão do cálice de vinho. Direto da garrafa. Rodaria por mais um cigarro, daqueles que eu gosto e, na nova falta dele, desenharia um sorriso. Me queixaria pelo cansaço. Faria caretas e puxaria um pouco meu sotaque.

Ou não.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Acaso

O que eu sinto? Não consigo explicar. A vida está passando e, por sorte, algumas experiências me fazem alguém diferente ao que eu era. Só que não. O que eu realmente vejo é que o tempo não cura nada. Os mesmos problemas de 10 anos atrás se repetem. Eles mudam. Ficam complexos. Mas eu não.

A cada dia que passa me sinto cada vez mais afogado em mim mesmo. Nos meus sonhos que um dia pensei que fossem virar a realidade. Não preciso de novas ilusões para as próximas primaveras. Preciso, isso sim, do sorriso dela que acaba se metamorfoseando em diversos sorrisos ao longo deste tempo todo.

Você sempre vai ser você, porém serão diferentes vocês. Verde, marrom, azul... o que importa a cor dos seus olhos se quando eu sonho contigo eles estão fechados?

Sinto a necessidade de voltar aqui. Talvez nunca tivesse que ter ido embora.


Nota do editor: Agora os textos não são justificados. Tendência do mercado. Sabe como é né?

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Resgate emotivo ao som de "Love Will Tears Us Apart"



Quando alguém vá embora assim, tão inesperadamente como Ian Curtis, é impossível não imaginar que uma pessoa não tenha dado uma sinal, um grito de socorro ou um indício que não foi ouvido por ninguém. Ou ninguém quis ouvir. Deixando o campo da emocional de lado, se é que este blog alguma vez o deixará, vamos focar na musicalidade de Love Will Tears Us Apart que, sim, foi o grito de ajuda que Ian deu. A música foi lançada em abril de 1980, apenas umas semanas antes do inesperado suicídio, num 18 de maio. Aos 24 anos.

Ironia do destino, a música que precede a dissolução do mundo material de um jovem triste é, talvez, uma das melodias menos opressivas que a banda Joy Division criou. Já nada nem ninguém podia fazer nada para evitar o final que estava predestinado, mas não contemplado no senso comum e acabou por surpreender até o mais não surpreendente ser de Londres e do mundo. Uma coisa é dizer e outra é viver o que se é dito.  

O que fazer quando alguém grita, pedindo socorro? O comodismo está impregnado em nossa alma, talhado numa pedra rústica que médicos chamam de coração e sociopatas sociais ignoram.

A mulher de Ian, como singela homenagem ao grito não ouvido, escreveu na lápide como mensagem de post-mortem: "Love Will Tear Us Apart" 

Trilha do texto: The Smiths - Asleep 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Tão seu

Estava tão quente que a respiração, ofegante e involuntária, queimava meus pulmões. A alegria tinha ido embora faz algum tempo, embora ainda parecesse feliz. Estava sozinho. Sentia que algo não estava correto e ficava apenas esperando. Atualizando a página inicial do meu facebook e, mais ou menos uns 40 minutos depois de começar a me sentir cansado e um tanto quanto idiota, chegou o tão ansiado contato.

“Estou melhor. Precisamos conversar urgentemente”.

Não. Nós, de fato, não precisamos conversar urgentemente. O que nós precisamos, urgentemente, é estarmos juntos. É sentirmos nossos rostos tão perto que eu poderia sentir o a ponta de teus cílios me tocando. Eu não preciso saber o que estás pensando. Apenas me abraça. Estou sozinho e tenho medo da vida. Sinto que nada mais faz sentido quando eu não tenho você por perto. De fato, é isso o que justamente não precisamos. Sentir amor pelo outro.


“Tudo bem. Estou um pouco ocupado agora. Amanhã te procuro”

segunda-feira, 22 de julho de 2013

O amor é uma doença

- Se você fosse uma doença seria um câncer nos testículos, daqueles bem fortes que nunca vão embora e acabam por te matar da maneira mais dolorosa imaginável.


- também te amo.

domingo, 9 de junho de 2013

Obrigado por voltar

Na sequência de imagens que gravei na minha memória o que vejo primeira são cabelos loiros. Esses cabelos, compridos e finos, estavam por toda parte: cadeira, mesa, cama, ralo do banheiro... qualquer lugar da casa que você fosse, eles estariam lá. Não me incomodavam. Na verdade, eu gostava deles, pois eram sinônimo de companhia.

Nunca entendi bem o porquê das mulheres perderem tanto cabelo assim. “É como os felinos” me disse uma vez ela, sem sucesso de me fazer entender sua lógica. “É simples. Meu cabelo é muito fino, por isso, estou constantemente trocando ele.” Após essa tentativa em melhoria, tragou com força seu cigarro. Largou timidamente a fumaça e sorriu para mim.

Foram épocas felizes. Me apaixonei por você.


Obrigado por voltar, afinal.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Voltando ao inicio

- Você voltou! Você voltou!

- Sim. Eu acabei voltando.

A chuva batia fina e constantemente sob a vidraça da cafeteria. Eram quase 4 da manhã e o som de uma vitrola velha, no estilo jukebox tocava um som abafado pelo barulho da chuva:

“And she turned around and took me by the hand
And said I've lost control again”

O sorriso dela estava um tanto quanto amarelo pelo tempo, mas ainda era bonito. Foram 6 longos anos longe dele e, pelo menos agora, não queria perdê-lo. Senti falta dele e foi justamente por isso que acabei voltando.

Apaguei o cigarro no cinzeiro e fitei ela por uns instantes. Alguns longos instantes que acabaram por evidenciar e uma lembrança vaga veio à tona:

Tudo aconteceu há mais de dez anos. Andávamos por uma rua deserta numa fria madrugada de sábado. Estávamos bêbados, abraçados e muito tristes. Nossos cigarros tinham acabado.
- Você me acha linda?
- És a menina mais bonita que eu já conheci.
- Vamos ficar juntos?
- Acho que não.
Virei de costas e apenas fui embora.

Nada fazia muito sentido naquela época. Éramos jovens e inconsequentes.


Naquela noite não dormi. Apenas fiquei olhando para o seu sorriso. E depois fui embora.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Anjos


“Não pense em palavras quando ficar bloqueado; procure enxergar melhor a cena”.
Jack Kerouac

Não pense. Pense. Desista.

E foi isso que aconteceu. Não queria mais escrever. Estava cansado de viver como meus escritores favoritos. Eu queria ser normal. Beber apenas aos finais de semana. Ter um ou dois filhos. Uma bela mulher me esperando para o jantar. Talvez até uma pequena casa de praia e um emprego estável.

Trabalhei durante três dias como pizzaiolo no centro. Meu trabalho era basicamente fazer massa (muita massa) durante dezesseis horas seguidas. Poderia fazer uma casa com tanta massa. Recebi uma advertência por fumar na cozinha. Recebi outra. Recebi uma advertência por fumar e beber na cozinha. Acabaram sendo tantas advertências que não recebi nenhum tostão pelos três dias. Ainda acabei discutindo com meu supervisor. Aquele sim era um pobre coitado. Trabalhava as mesmas dezesseis horas que eu. Talvez mais. O prazer dele era gritar conosco. Foi lá que acabei conhecendo Joel, meu novo colega de quarto. Estamos dividindo um quarto sujo no subúrbio, embaixo de um boteco que fica aberto por dezesseis horas diárias.

Pense. Não pense. Desista de novo. E de novo se precisar.

Acabei de escrever um conto que será publicado na próxima semana. Ele se chama “O anjo que beija minha bunda”. E hoje ele a beijará, enquanto escuto o Joel gritar bêbado com os meninos da rua

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Dois amigos



Não foi premeditado. 

Acordar numa manhã de segunda, de ressaca, e ter a notícia de que teu melhor amigo não acordou é triste. Mais ainda se, na noite anterior, você viu ele, bebeu com ele, extrapolou os limites da sanidade e fez planos. Planos de um futuro que foi interrompido.

Teu melhor amigo amanheceu morto.

Após alguns segundos a ficha cai. Você são amigos há mais de vinte anos. As lembranças mais velhas juntam recordações dos primeiros diálogos. Queremos ser astros do rock. Queremos ser punk. Queremos deixar de ser virgens. Queremos mudar o mundo.

Tua primeira experiência "sexual" foi com ele. Aos seis anos. O pinto dele era maior que o meu. Só olhar. Coisa de crianças.

Nunca mais verei o sorriso do meu melhor amigo, somente na lembrança.

Não sei o que fazer. Fico sem palavras e com a garganta seca. Meus olhos umedecem sem eu perceber.

Mostro meu pinto ao espelho, como uma homenagem pessoal a ele.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Eu não quero ser nada


Minha mente parece vazia e confusa. Me encontro sentado num local que não lembro ter estado. E agora? Sento na calçada e fumo um cigarro. Brinco com a fumaça. Olho pro horizonte e não enxergo o mar. Meus pulmões se enchem de tristeza.
Uma pessoa de gravata passa por mim e joga uma moeda de 50 centavos. Minha vida vale cinquenta centavos? Talvez até menos.

Quero ir embora e não tenho como. Posso te pagar com meu sorriso.

Eu não quero ser nada.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Tristessa


Terça-feira. 23:46.

Depois de toda aquela loucura, estava indo para casa. Tristeza, desencanto e falta de amor. Chorando, tive que dizer adeus.
Com o barulho que o trem fazia andando sob os trilhos, acabei adormecendo. Estava sozinho no vagão. Meus sapatos e minha pasta estavam velhos, tanto que a sola quase estava descolando. Preciso tomar cuidado quando sair do trem, afinal, se eu acabar correndo vou perder a porra da sola. Preciso do meu sapato para trabalhar amanhã. Preciso mesmo.
Senhor. Senhor. Está é a última estação, por favor desça e tome cuidado.
Ainda bem que era um guarda, pensei silenciosamente.
Parei na estação errada, precisava voltar uns 25 quarteirões. Será que ainda tem ônibus? Na avenida deve ter. Andei em silêncio.
Sentei no ponto de ônibus. Um velho estava ao meu lado. Parecia triste. A sujeira da cidade deixava ele triste. A garrafa de vinho que ele segurava também.
“Porra, nunca vou enteder ela. Nunca vou entender ninguém. Ela pode me pedir o que ela quiser e me pede um tempo! Que eu me afaste... não faz nenhum sentido.”
A escuridão da cidade acabou por me engolir...


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Asas


“Este é um conto de ficção, dedicado a ninguém”.

Tudo aconteceu muito rápido, há umas duas semanas atrás. A melhor amiga dela tinha quebrado o silêncio e me confidenciado sua decisão. Não estava arrasado nem triste. Porém tudo tinha me feito pensar muito na minha vida.
Estávamos deitados. Era bem tarde da noite.
Acordei ela.
O quê aconteceu?
A Cris me contou tudo.
Sinto muito, fred.
Está bem. Você deveria ter me contado. Eu teria concordado contigo. Acabamos de fazer amor, rimos e nos divertimos como nunca. Não entendo isso. E você já sabia disso tudo.  Você sabia disso o tempo todo. Eu não consigo entender as mulheres!
Aconteceu enquanto você esteve fora, meu amor. Pensei em que tudo mudaria e eu não precisasse te contar nada.
É aquele menino que tenho ciúmes, não é?
Sim.
Eu sorri. Um sorriso triste, admito. Não consegui controlar meu sentimento.
Depois de um tempo em silêncio, ela começou a chorar agarrada ao seu travesseiro. Estava deitada de bruços, nua. Tremia e soluçava. A menina do interior, mimada confusa e triste. Chorando por mim. Aquilo era terrível.
As cobertas acabaram caindo e eu fiquei olhando às suas costas, brancas como tinta. Pequenas sardas envolviam aquele corpo lindo de mais. Ela começou a se mexer e suas omoplatas pareciam que em breve sua pele seria rasgada e se transformariam em asas. Meu anjinho. Meu anjinho iria voar para longe de mim.
Eu te amo Frederico, eu te amo muito.
Por um longo tempo o único som do quarto era o soluço dela. Depois de um tempo, nos abraçamos e transamos em homenagem aos bons velhos tempos.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012


Os seus olhos claros me encaravam com certa timidez.

Ambiente novo, local desconhecido, sentimentos inesperados e um pouco de amor. Na verdade era muito amor. Tanto amor que foi sufocado, aos poucos, por ele mesmo.

- Qual seu maior sonho?

Ela me olhou e falou baixinho:

- Revolução.

Abracei ela e ficamos em silêncio. Momentos assim são eternos. O amor já não.

terça-feira, 16 de outubro de 2012


O espectro ainda rondava meu quarto. Conseguia sentir o seu perfume barato, seu hálito na minha nuca e o barulho do salto alto sob o soalho.

Fechei os olhos e sorri sarcasticamente.

- Vai embora.

Nenhuma voz me respondeu. Sentei na minha poltrona e repeti:

- Vai embora.

Logo se fez a noite e um nevoeiro entrou timidamente pela janela aberta.

No outro dia o sol amanheceu bonito. 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Bubulina


Minha vida era estranha até conhecer Tristessa. 

Ela era uma menina baixinha, morena, com idade um pouco menor do que a minha e uma mala cheia de sonhos. Tinha olhos verdes e uma pele branca e macia. Conheci ela numa viagem, longe de casa num estacionamento qualquer. Eu carregava uma mochila e ela, de saia e cabelo solto, me ajudou a conseguir dinheiro para almoçar.

Fiquei um tempo morando com Tristessa. Éramos apenas um corpo, unidos pelo amor.

Um dia acordei e Tristessa tinha ido embora. 

Nenhum recado. 

Nenhuma explicação. 

Nenhum sentimento. 

Tristessa saiu e não a vi nunca mais. 

domingo, 23 de setembro de 2012

Descompasso


Aos 20 anos, a figura dela era formidável. Suas curvas eram dignas de modelo porémseu olhar ainda remetia ao mistério. Silêncio no salão. Apenas a fumaça de um solitário cigarro que sequer tinha a companhia de um cinzeiro. O tempo parecia não passar mas todos os dias minha idade parecia dobrar. E eu tinha quase 70 reais no bolso da minha calça jeans velha.

Antes de subir para o apartamento dela, no oitavo andar de um prédio perto da praça central, entrei no mercado ao lado e comprei uma garrafa de rum. Acabei me distraindo com duas crianças descalças que brincavam sorridentes com tampinhas de refrigerante. Acendi um cigarro novamente no silêncio do fim de tarde.

O elevador estava estragado e subi os oito andares por escada. A porta do apartamento estava aberta. Ela se encontrava de costas a mim, mas sabia que esperava por mim. Estava escuro já e somente uma luz fraca emanava da janela ao lado. Ficamos em silêncio até o telefone tocar. Ninguém atendeu. O telefone tocou por vários minutos de forma ininterrupta.

Acabei sentando no sofá. Ela continuava de costas. Um soluço. Dois soluços. Chouro. Abri a garrafa e tomei um gole generoso. Não ofereci nada ao mundo, quanto mais a ela que tão bem tinha me feito sempre. Chorei ao pensar nisso.

Já eram às três e cinqüenta da manhã. Falei adeus, me levantei e desci os oito andares por elevador. Nunca mais vi ela na minha vida. Nunca mais consegui amar alguém.


domingo, 2 de setembro de 2012

Rendoma

E de repente, tudo fica cinza e escuro. E eu quero ir para casa e apenas deitar.

domingo, 5 de agosto de 2012

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Dia do Rock


É, amanhã é o dia mundial do Rock. Não gosto de datas comemorativas, pois geralmente são sem graça ou lembram fatos que deveríamos esquecer. Só que dessa vez é um pouco diferente.

Pensar nisso como uma comemoração pode até ser uma falta de respeito com a música, afinal dia de Rock é diariamente, pelo menos para quem vive no Rock´n´roll.

O que representa o rock na sua vida? Na minha representa muito. Ás vezes, queria ter vivido nos primórdios do Rock lá pelos anos 50. Viajar de este a leste pelos Estados Unidos, ouvindo Chuck Berry numa rádio. Calça jeans e camiseta branca. Óculos escuros. Liberdade.

A dança do Mick Jagger ao som frenético dos Rolling Stones. Os Beatles (ou apenas um) cantando que a vida pode ser bonita e diferente, enquanto chove e lágrimas correm pelos meus olhos. As festas do Led Zeppelin. A rainha estampada numa camiseta do Sex Pistols. O coro de “Hey Ho, Let´s Go!” cantado à capela no meio da rua, numa tarde fria de inverno. O som psicodélico do The Doors e o tempo de adolescência ouvindo The Offspring.

Por outro lado, a tristeza de Legião Urbana. A loucura dos Mutantes, a revolução que Cazuza e Barão Vermelho cantavam nos anos 80. Raul Rock Seixas. O Violão do Ventania, mostrando que é possível uma vida diferente. A loucura de Porto Alegre ao som dos Cascavelletes ou imaginar uma cena de uma música do Raimundos como própria.

O Rock são momentos. O Rock simplesmente é uma forma de vida que escolhemos quando ainda somos incapazes de perceber que isso acabará nos acompanhando pelo resto de nossas vidas.
Tudo lembra o Rock. O amor, a tristeza, a felicidade e esperança de momentos diferentes são evidenciadas nesse estilo musical, tão diferente de todos para qualquer um de nós. Um amor, uma mesa de bar com os amigos ou apenas um olhar.

Com certeza, não conseguirei explicar aqui tudo o que o Rock irá representar na minha vida. É essencial e simplesmente necessário.

Por isso meus amigos, feliz dia do Rock amanhã. Não se esqueça de comemorar, e não comemore somente nesse dia. Comemore todos os dias e em todos os lugares.

Tenham todos uma boa noite, 

domingo, 8 de julho de 2012

ditado popular

"Eles sabem. Eles se amam. Eles se odeiam. Eles se querem. Eles são perfeitos um com o outro. Eles são orgulhosos. Eles não estão juntos."


(ditado popular)

sábado, 7 de julho de 2012

Uma menina de olhos verdes e camisa de flanela


Estava um pouco atordoado pela quantidade de aulas que naquela manhã tive. Como de costume, naqueles 15 minutos de intervalo acabei descendo pela entrada secundária para fumar um cigarro e pegar um café na padaria na frente da escola.

Acendi um cigarro e olhei em volta. Uma menina de olhos verdes e camisa de flanela estava olhando pra mim timidamente. Olhei pra ela e ela desviou o olhar. Acabou ficando envergonhada e correu para longe.
Ela não sabia que em breve teria que mudar sua camisa de flanela pelo uniforme de trabalho. Essa menina, um dia seria uma mulher. Uma mulher linda e independente. Uma mulher que se apaixonou e fez apaixonar. Ela irá a chorar inúmeras vezes e só as paredes do seu quarto presenciarão a cena. Sofrerá em silêncio. A vida será difícil.

Algum dia irá encher uma mochila com roupas e sonhos e se jogar no mundo à procura de felicidade. Viverá fora. Muitas vezes irá sorrir quando na verdade precisará chorar e irá chorar quando só necessitaria sorrir. Ela será especial demais para muitas pessoas, e um dia irá pular tão alto quanto ninguém consegue.
Aprenderá sobre a vida a partir de experiências. Moldará seu futuro, lembrando-se do passado e vivendo do presente. Terá grandes amores, poucas certezas e muitas dúvidas. Ela, num dia de inverno, irá segurar minha mão.

“Aquela menina tem olhos lindos. Parecem especiais demais” Pensei em silêncio, enquanto consumia meu cigarro.


quinta-feira, 5 de julho de 2012

Ocasião III


Nossos lábios se tocaram. A partir daquele momento, tudo que tinha sido premeditadamente calculado veio por água abaixo. Estávamos deitados na cama daquela casa esquecida numa rua tranqüila e de família, nos arredores da faculdade. O dia tinha sido difícil e por algum acaso terminamos conversando e deitando para descansar.

Nossos lábios continuavam se tocando de forma mais intensa. Enquanto meus olhos estavam fechados, tentando conter o desespero por estar vivenciando aquilo.

Paramos um instante. Nossos olhos se encontraram. Verde x Preto. Marrom x Azul. Tanto faz.

Uma lágrima silenciosa correu por nossos olhos.

- Meu príncipe.
- Princesa!

Ou talvez apenas sejamos João e Maria, retratados na música do Chico Buarque.

No restante da noite ficamos juntos, porém separados.

quarta-feira, 20 de junho de 2012


02:47 am

Como se eu fosse uma máquina, meus olhos abrem automaticamente. Não consigo fechar eles sequer fazendo força. Insônia. Falta de sono. Ausência do mesmo.
E a cabeça, nesse momento, não para de pensar sequer por um momento. Penso na vida, nos problemas, no azar, na raiva que eu sinto, no amor que eu sinto, nos olhos dela, na situação vivida, na angustia e na dor. Uma lágrima silenciosa escorreu pelo meu rosto.
Tentei fechar meus olhos novamente. E tentei dormir.

03:01 am

Como se eu fosse uma máquina, meus olhos abrem automaticamente.
Uma lágrima silenciosa escorreu pelo meu rosto.

domingo, 17 de junho de 2012

Lembrança de Saudade I


Há muito tempo me sentia tão perdido que tinha esquecido alguns detalhes. Hoje, dentro da tristeza que sinto e embriago, consigo lembrar detalhes de uma cena que me marcou por muito tempo. E ainda hoje, quando acordo durante a noite sem conseguir dormir, penso se ela realmente aconteceu comigo. E com ela.

Estávamos andando ligeiramente bêbados, indo para nossas casas. Naquela época morávamos juntos aos nossos pais e não morávamos juntos. Era uma noite de verão e, com o sol se pondo, voltávamos às nossas realidades depois de viver momentos irreais, alheios à nosso dia-a-dia e implicitamente à nossa vontade.

Paramos um instante para beijarmos e olhar ao nosso redor. A geografia da rua antiga, de paralelepípedo, fazia nosso passo meio apresado ficar barulhento e engraçado. Pausa para o amor, pensei. O beijo inicialmente tímido, deu lugar a um sentimento que aflorava de forma mais intensa com o passar das horas e dos momentos felizes que aconteciam a todo momento. 

Minha mão, timidamente, pegou na sua e acabamos indo embora de mãos dadas. Durante o pequeno percurso que realizamos esse dia, conversávamos alegremente sobre nossos medos e vitórias de jovens. Com o passar do tempo fomos cúmplices desses sentimentos e cada vez que um medo era superado era festejado como a própria superação pessoal. Éramos inconstantes e inseguros, porém felizes.

Antes daquela noite acabar e o momento dar espaço para outras lembranças, ela me olhou nos olhos e me disse num tom inseguro: “por quê tu não mora sozinho? Poderíamos ir para teu apartamento agora”. A minha resposta acabou sendo inesperada até por mim, que alguns dias pensava e saiu de forma direta e simples. “Eu te amo”.

Sorrisos, palavras de afeto e carinhos foram trocados até o fim de nosso caminho. E as mãos continuaram juntas.

As lembranças, nesse momento, acabam aparecendo juntas e sem uma seqüência lógica e cronológica. Se eu pudesse materializá-las, juntaria elas todas juntas e faria uma colcha de retalhos, que acabaria sendo muito útil nesse inverno e até poderiam me acompanhar todas as noites, quando vou dormir pensando nela.

“Don't you worry 'bout what's on your mind, woman.
I'm in no hurry, I can take my time, woman.
I'm going red and my tounge's getting tied (tounge's getting tied).
I'm off my head and my mouth's getting dry.
I'm high, but I try, try, try, woman.
Let's spend the night together now”

(The Rolling Stontes)

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Ciranda


Aquela cena me deixou muito triste.
Eu vi uma menina sorrindo, sem mãos, dançando ciranda.
Chorei de alegria por ver ela sorrir e chorei de tristeza por não poder suas mãozinhas jamais.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Acabei me tornando alguém que não sou eu. Quem irá tomar meu lugar agora?

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Te quiero - Mario Benedetti


Tus manos son mi caricia
mis acordes cotidianos
te quiero porque tus manos
trabajan por la justicia

si te quiero es porque sos
mi amor mi cómplice y todo
y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos

tus ojos son mi conjuro
contra la mala jornada
te quiero por tu mirada
que mira y siembra futuro

tu boca que es tuya y mía
tu boca no se equivoca
te quiero porque tu boca
sabe gritar rebeldía

si te quiero es porque sos
mi amor mi cómplice y todo
y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos

y por tu rostro sincero
y tu paso vagabundo
y tu llanto por el mundo
porque sos pueblo te quiero

y porque amor no es aureola
ni cándida moraleja
y porque somos pareja
que sabe que no está sola

te quiero en mi paraíso
es decir que en mi país
la gente viva feliz
aunque no tenga permiso

si te quiero es porque sos
mi amor mi cómplice y todo
y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos.

terça-feira, 8 de maio de 2012


Love is strong
And you're so sweet
You make me hard
You make me weak
Love is strong
And you're so sweet
And some day, babe
We got to meet


A glimpse of you
Was all it took
A stranger's glance
It got me hooked
And I followed you
Across the stars
I looked for you
In seedy bars


What are you scared of, baby
It's more than just a dream
I need some time
We make a beautiful team
A beautiful team


Love is strong
And you're so sweet
And some day, babe
We got to meet
Just anywhere
Out in the park
Out on the street
And in the dark
I followed you
Through swirling seas
Down darkened woods
With silent trees


Your love is strong
And you're so sweet
You make me hard
You make me weak


What are you scared of, baby
It's more than just a dream
I need some time
We make a beautiful team
Beautiful


I wait for you
Until the dawn
My mind is ripped
My heart is torned


Your love is strong
And you're so sweet
Your love is bitter
It's taken neat
Love is strong, yeah

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Cinzas


Fundo de cena

Em algum dia de Fevereiro, quatro adolescentes estavam encerrados numa garagem. Eram eles: Juan, Bob, Duca e sua namorada Jéssica. A faixa etária variava de quinze a dezenove anos, sendo que Duca e Jéssica eram namorados há três meses. Todos estavam conversando, após fumar um baseado enrolado pelo Juan. Jéssica, mexia no cabelo do Duca (um cabelo amassado e preto), enquanto Bob olhava fixo para um ponto. Os três meninos estavam ensaiando numa banda e, o barulho, momentâneamente tinha parado.

- “Rápida, intensa e bonita”, assim deve ser nossa música. Nada muito elaborado e muito virtuoso. O importante é ter estilo – Disse Juan.

- Isso apenas não basta, as músicas devem ser feitas com amor – gritou Bob do outro lado da garagem, indo sentar na bateria.

Enquanto isso, Duca e Jéssica continuavam calados. Se olhavam e conseguiam se entender com os olhares, o que torna uma relação importante para ambas partes. Os olhos verdes e castanhos de ambos se encontraram num profundo olhar que transmitia amor e um pouco de tristeza. Enquanto isso, a discussão entre os outros dois amigos agudizava.

- Apenas um minuto e meio de música. Isso já basta. – Disse Bob.

- Eu não vou conseguir fazer um solo de guitarra! – Exclamou o outro jovem.

- Pessoal, por que essa música não pode durar 10 minutos? – Disse Jéssica, tirando os olhos do Duca.

Todos ficaram em silêncio, pois não sabiam a resposta.

domingo, 29 de abril de 2012

Cosmonauta

O quarto continua em chamas. As paredes, singelas e escuras, estão desmoronando tijolo por tijolo, queimando tudo o que estiver ao redor. Ao contrário do que muita gente pensa, não quero levantar da cama. 

Eu não tenho forças para levantar.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Alegoria


Uma alegoria é uma figura de linguagem, mais especificamente de uso retórico, que produz a virtualização do significado, ou seja, sua expressão transmite um ou mais sentidos que o da simples compreensão ao literal.

Sinto-me sozinho a maior parte de minha vida. Porém, conheci o amor quando tive apenas 17 anos. Estava no primeiro ano da faculdade e carregava comigo uma mochila cheia de poesias e um pouco de sonhos.
Ela tinha 26 anos e já tinha sofrido por isso algumas vezes. Seu primeiro grande amor foi ao som de Maggie McGill. Conheceu a vida cedo, como toda jovem dócil e apaixonada. Amou, foi amada, chorou e fez chorar. Nada muito diferente aos momentos que esperamos viver ao longo de nossa vida.
Nos conhecemos no final da primavera. As rosas começaram a sair preguiçosamente do jardim e uma seqüência de dias de verão antecedeu o nosso primeiro beijo. Depois disso, talvez pelo medo de querer experimentar o desconhecido, acabamos pelo nosso segundo beijo já nas férias. No inicio de um novo ano. No inicio de um novo tempo.
Isso já faz algum tempo. Seus olhos me lembram o quão bonito pode ser o oceano e seu corpo me deixa uma saudade que não consigo descrever aqui. O tempo parece parado, a vida parece que se congela e os olhares, já perdidos, me procuram dia-após-dia.
Espero que ela se encontre bem. Afinal, todos nós queremos ver alguma pessoa bem, certo?

And you can't always get what you want, honey.
You can't always get what you want.
You can't always get what you want.
But if you try sometimes, yeah,
You just might find you get what you need!

(Rolling Stones - You Can't Always Get What You Want)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Mirante

-  Oi!
- Oi!
- Tudo bem?
- Tudo bem?
- Pára!
- Pára!
- Vai acabar repetindo tudo o que eu falar?
- Vai acabar repetindo tudo o que eu falar?
- Aff...
- Aff...
- Te amo.
- ...

Silêncio

domingo, 8 de abril de 2012

Pra quê?


Ela chorou.
Ele chorou.
Eles se amaram. Amaram-se como se fosse eternidade.
Eles sorriram juntos.

terça-feira, 20 de março de 2012

Negro


A madrugada entra em mim e eu não quero deixá-la. Penso no que pode vir e tudo isso me assusta. Ao meu redor, apenas escuridão e um corpo nu, dormindo.

Não acorde meu amor. Descansa. Tudo irá ficar bem e, com os primeiros raios do sol de uma manhã bonita, estaremos voltando para nossa realidade.

Ao som de: Pink Floyd - Wish you were here

quinta-feira, 1 de março de 2012

O amor no tempo virtual


Maria apareceu on-line.

- Oi, quer tc?
- Haha! Tu não tem noção de quantas vezes me fizeram essa pergunta quando eu entrava no mIRC, nos meus bons 15 anos.
- E o que você dizia aos interessados?
- Bom, se o Nick fosse interessante eu respondia sim..
- Mas o que fazia tornar os Nicks interessantes para você?
- Eu não sei na verdade, se fosse relacionado com música talvez me chamasse mais a atenção.
- E qual era o teu Nick?
- {{-CrAzY}]
- Haha! Bem teu tipo.
- Né?
Então, acabei de chegar em casa, acho que preciso descansar. Hoje meu dia foi bem difícil e cansativo.
- Espera um minuto só.
- Espero sim, mas porque só um minuto?
- Porque preciso te dizer uma coisa importante, e pretendo não demorar.
- Pode ser.
- Eu sinto saudades de você quando estou longe de você.
- *-* e desde quando tu sente isso?
- Desde o primeiro momento que encarei teus olhos e vi um brilho refletido neles. Depois foi quando senti teu perfume num lugar que você não estava. Também sinto saudades quando recebo teu último abraço e vejo tu ir embora.
Sinto saudades de tomar café contigo aos sábados e de te ver no fim de tarde.
- Não sei o que te dizer.
- Boa noite ;*


Eduardo ficou offline

--

Sui Generis - El fantasma de Canterville

Ahora que puedo amarte
Yo voy a amarte de verdad,
Mientras me quede aire, calor nunca te va a faltar,
Y jamás volveré a fijarme en la cara de los demás.
Esa careta idiota que tira y tira para atrás.

He muerto muchas veces
Acribillado en la ciudad,
Pero es mejor ser muerto que un número que viene y va.

Y en mi tumba tengo discos
Y cosas que no te hacen mal.
Después de muerto, nena,
Vos me vendrás a visitar. 


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Ocasião II


Corria um frio assustador lá fora. Faziam quase três dias que não conseguia sair de casa por conta da nevasca grossa e constante que enchia as ruas e as calçadas. Não sentia fome nem sede. Vestindo apenas uma camisa branca, fui até a janela e olhei o horizonte. Azul e azul. Numa delgada linha, muito longe de mim, era a divisa entre o mar e o céu. Não conseguia dizer onde começava um e terminava o outro. Eram apenas um só corpo.
Olhei pra minha cama, ela estava adormecida ainda. Poderia ficar o dia inteiro olhando para ela, pensei. Guardei esse pensamento para mim. Para meu íntimo.
Fui na cozinha preparar duas xícaras de café.

"...E dentro da menina
A menina dança
E se você fecha o olho
A menina ainda dança
Dentro da menina
Ainda dança

Até o sol raiar
Até o sol raiar
Até dentro de você nascer..."

(Novos Baianos - A menina dança)

domingo, 29 de janeiro de 2012

Ocasião


Talvez tudo isto seja fruto da minha imaginação.

Faz tanto tempo que perdi o amor que hoje em dia eu já não sei qual sua verdadeira forma. A decisão pode ser minha, mas no momento estou com medo de decidir. Ele pode ser loiro ou até mesmo moreno e desconheço a cor dos olhos dela. Só tenho apenas uma certeza. Esses olhos dão medo de encará-los.

Eu tenho medo de dormir. Penso em até esquecer isso que acaba me afligindo, mas acabo por não conseguir. Medo de dormir. Medo de dormir.

Ontem, enquanto eu bebia, a fumaça de um cigarro dançava sob minha cabeça e fazia um desenho que lembrava o sorriso do amor. Não consegui distinguir ele. Realmente faz muito tempo que desconheço ele.

Me ame duas vezes garota, pois estou indo embora.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A valsa das águas vivas


Hoje foi um dia onde, após muitos dias de intensas atividades, me dei um tempo para mim. E naturalmente pensei bastante. Algumas considerações:

  • ·         Os personagens geralmente são baseados em fatos reais.
  • ·         A tristeza acaba prevalecendo por sobre os ombros.
  • ·         Precisamos tomar atitudes reais.
  • ·         Mesmo escrevendo, acabo ficando em silêncio.


E aquela velha idéia, que acaba latejando sob a minha cabeça: Como ela pode ser tão bonita e errada?
A valsa das águas vivas.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Nós dois


Portas adentro do minúsculo apartamento No 2 as coisas estavam acontecendo loucamente. O frio era intenso e a luz fraca, misturada com a fumaça no ar, assimilava a cena. Ela estava nua e eu sem camisa.

É interessante pensar num disco de vinil nesse momento. Dizem que o som de um disco clássico é meramente superior ao seu similar em cd. Não tenho nada a declarar sobre esta afirmação, apenas que o álbum Sticky fingers dos Stones estava tocando ao fundo disso.

Um tempo depois eu estava sentado no sofá. Acendi um cigarro. Ela agora estava no banheiro provavelmente tomando um banho ou apenas lá, esperando por alguma coisa acontecer.

“Como ela pode ser tão bonita e errada?” Pensei em silêncio.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Primavera


A chuva cai forte lá fora e você aguarda tudo sentado. As coisas ao seu redor acabam por criar vida própria e se desmancham sob o olhar repugnante de alguém que não merece ocupar o lugar dela.

Sofro o mal do século. Sofro por amor. Sou apenas mais uma pessoa pensando nas palavras certas para dizer a um rosto borrado pelo tempo. Com um copo de bebida, jogo os dados ao ar para ver seu peculiar resultado: você que sabe... na nuca.

Preciso começar a me acostumar com a idéia de que ela não voltará, e por favor, não pensar mais nela num fim de tarde como hoje.

"She was born in spring, but I was born too late.
Blame it on a simple twist of fate."

(Bob Dylan - Simple Twist Of Fate)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A noite

"Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta."

(Eduardo Galeano - O livro dos abraços)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Causo


Foi no inicio da noite que o peruano Alcides Perez se jogou do oitavo piso do luxuoso hotel  Estelar Miraflores, no centro de Lima. Não fez escândalo e sequer comentou isso com alguém. Apenas abriu a porta da varanda, subiu na sua borda e se jogou.

Morreu na hora. Fez um barulho tão forte que alterou para sempre a rotina do belo Hotel. Somente vinte minutos após o salto, a força policial conseguiu entrar no quarto. Alcides não tinha documentos, nem bagagem e nem dinheiro. Apenas tinha uma folha que aparentava ser bem velha e nela dizia:

“Nadie está más esclavizado que aquellos que por error creen ser libres.”

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A soma de tudo é um grande NADA


Peitos. Eu via apenas peitos ontem. Peitos e decepção. Acredito que isso é o que nos torna tão inúteis numa segunda-feira.
Não vivi muito tempo, mas vivi o tempo de maneira intensa e, em todos os momentos que eu não precisava dela ela apareceu. Maldita decepção e maldita cor mel que faz seus olhos tão bonitos.
Afinal, já decidi tudo. Quando eu ficar maior vou querer ser o tempo.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011


Sara voltou para casa do dia seguinte, e eu comi um sanduíche frio de paru às três da tarde. Lá pelas cinco, alguém desferiu terríveis porradas contra minha porta. Fui abrir. Eram Tammie e Arlene. Tinham tomado excitantes. Entraram e ficaram zanzando e falando, as duas ao mesmo tempo.

- Tem aí alguma coisa para beber?
- Porra, Hank, cê tem alguma coisa para beber?
- Como foi a porra do seu Natal?
- É, a porra do seu natal, como foi, cara?

(Charles Bukowski - Mulheres)