Volta para 1990: No meio da década grunge, eu, com meus 16 anos, era uma garoto que pode se dizer normal. Frequentava o segundo ano na escola Mario de Andrade, tinha o cabelo comprido, escutava Ramones e fumava um baseado nos finais de semana quando saia com meus amigos. Naquela época não tinha as obrigações de planejar minhas aulas no ensino superior nem de me preocupar com apartamentos para morar. Morava com minha mãe e minha irmã na pacata (na época e para mim) Campinas e não tinha namorada. Era feio e espinhento.
Naquela época, minha irmã não passava dos onze anos. E ela tinha uma amiga. E essa amiga era a Gabriela. Cansei de ver ela em casa, dormindo em casa e acordando com seu cabelo loiro em forma de juba de leão. As vezes, passávamos noites inteiras acordados, nós três, jogando qualquer jogo de mesa que tínhamos em nossa casa. Naquela época, e até hoje, não tenho muito sucesso com as mulheres, e isso fazia com que eu ficasse em casa praticamente todos os finais de semana. Nós três. Eu, minha irmã (hoje morando na França) e a pequena Gabriela.
O tempo passou e eu dei um fora da cidade. Andei pelo mundo, conheci pessoas e lugares. Cresci como pessoa e como ser humano. Voltei da Europa formado em História e com um mestrado nas costas. Consegui uma bolsa de doutorado em Belo Horizonte. Me formei. Passei num concurso para professor do departamento de estudos históricos da Universidade Federal de Santa Catarina. Moro ao lado da faculdade. Não me preocupo com a vida. Mas hoje a vida acabou me preocupando.
Checando minha secretária eletrônica, ouvi a voz da Gabriela. Fiquei nervoso.
"Estou em Florianópolis por uma semana, peguei seu telefone com sua mãe. Quero te ver"
Tantos anos e tantos momentos que vivi junto com aquela diminuta pessoa e hoje, mais de 15 anos se passaram desde aquele momento. O nosso beijo. O meu primeiro beijo no quarto da minha irmã. Eu com 18 e ela com 13 (quase 14 na verdade).
Será que ela lembra? Depois de aquele evento, peguei minhas coisas e fui morar com meu pai. Chorando, me despedi dela e juramos continuar juntos. Só que nunca aconteceu, sumi e ela não fez questão de procurar. Ensinei ela a ouvir Nirvana e ela me ensinou a comer morango com leite condensado.
Marcamos um encontro em um café nas cercanias da minha casa. E ela, com 10 minutos de atraso, chegou. Vestia uma camisa do Nirvana, mas pelo jeito dela, já não era o tipo de camisa ou de roupa que ela usava. Tinha cara de mulher, era uma mulher e eu não percebi o tempo passar.
Nos olhamos dentro dos olhos e percebemos que o tempo tinha passado e hoje, era quase impossível rever o passado. O verde escuro de seu olhar parecia eterno. Choramos em silêncio. E como se nada houvesse mudado. Ficamos juntos como tantos anos atrás.
Naquela época, minha irmã não passava dos onze anos. E ela tinha uma amiga. E essa amiga era a Gabriela. Cansei de ver ela em casa, dormindo em casa e acordando com seu cabelo loiro em forma de juba de leão. As vezes, passávamos noites inteiras acordados, nós três, jogando qualquer jogo de mesa que tínhamos em nossa casa. Naquela época, e até hoje, não tenho muito sucesso com as mulheres, e isso fazia com que eu ficasse em casa praticamente todos os finais de semana. Nós três. Eu, minha irmã (hoje morando na França) e a pequena Gabriela.
O tempo passou e eu dei um fora da cidade. Andei pelo mundo, conheci pessoas e lugares. Cresci como pessoa e como ser humano. Voltei da Europa formado em História e com um mestrado nas costas. Consegui uma bolsa de doutorado em Belo Horizonte. Me formei. Passei num concurso para professor do departamento de estudos históricos da Universidade Federal de Santa Catarina. Moro ao lado da faculdade. Não me preocupo com a vida. Mas hoje a vida acabou me preocupando.
Checando minha secretária eletrônica, ouvi a voz da Gabriela. Fiquei nervoso.
"Estou em Florianópolis por uma semana, peguei seu telefone com sua mãe. Quero te ver"
Tantos anos e tantos momentos que vivi junto com aquela diminuta pessoa e hoje, mais de 15 anos se passaram desde aquele momento. O nosso beijo. O meu primeiro beijo no quarto da minha irmã. Eu com 18 e ela com 13 (quase 14 na verdade).
Será que ela lembra? Depois de aquele evento, peguei minhas coisas e fui morar com meu pai. Chorando, me despedi dela e juramos continuar juntos. Só que nunca aconteceu, sumi e ela não fez questão de procurar. Ensinei ela a ouvir Nirvana e ela me ensinou a comer morango com leite condensado.
Marcamos um encontro em um café nas cercanias da minha casa. E ela, com 10 minutos de atraso, chegou. Vestia uma camisa do Nirvana, mas pelo jeito dela, já não era o tipo de camisa ou de roupa que ela usava. Tinha cara de mulher, era uma mulher e eu não percebi o tempo passar.
Nos olhamos dentro dos olhos e percebemos que o tempo tinha passado e hoje, era quase impossível rever o passado. O verde escuro de seu olhar parecia eterno. Choramos em silêncio. E como se nada houvesse mudado. Ficamos juntos como tantos anos atrás.
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