domingo, 12 de junho de 2011

Desci ao longo da rua. Minha respiração, ofegante, fazia fumaça no interior da noite. Uma noite fria. Muito fria por sinal. Permaneci em silêncio olhando ao redor. Ao fundo, ouvi uma buzina e um grito. Fiquei com medo.

Olhei para frente e vi uma vitrine de roupas femininas. Fantasiei um pouco e escrevi na vitrine o nome dela. Caprichei nos traços. Demorei algum tempo para acabar minha obra de arte. Nesse único momento tive orgulho de mim.

A vida era dura. Fiquei ali olhando aquela vitrine por algum tempo. O barulho vindo de dentro do bueiro acabou por captar minha atenção. Fui até lá e gritei numa língua inventada. Nada se mexeu. Acabei por desistir de me comunicar com o interior do mundo e olhei pro teto. "Um dia todas às estrelas serão minhas" pensei desafiador.

E seriam minhas. E a vida seria aquilo que desejamos. E talvez, ela, de onde estiver, lembrará de mim.

E ela, definitivamente, acabará por voltar.

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