terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Asas


“Este é um conto de ficção, dedicado a ninguém”.

Tudo aconteceu muito rápido, há umas duas semanas atrás. A melhor amiga dela tinha quebrado o silêncio e me confidenciado sua decisão. Não estava arrasado nem triste. Porém tudo tinha me feito pensar muito na minha vida.
Estávamos deitados. Era bem tarde da noite.
Acordei ela.
O quê aconteceu?
A Cris me contou tudo.
Sinto muito, fred.
Está bem. Você deveria ter me contado. Eu teria concordado contigo. Acabamos de fazer amor, rimos e nos divertimos como nunca. Não entendo isso. E você já sabia disso tudo.  Você sabia disso o tempo todo. Eu não consigo entender as mulheres!
Aconteceu enquanto você esteve fora, meu amor. Pensei em que tudo mudaria e eu não precisasse te contar nada.
É aquele menino que tenho ciúmes, não é?
Sim.
Eu sorri. Um sorriso triste, admito. Não consegui controlar meu sentimento.
Depois de um tempo em silêncio, ela começou a chorar agarrada ao seu travesseiro. Estava deitada de bruços, nua. Tremia e soluçava. A menina do interior, mimada confusa e triste. Chorando por mim. Aquilo era terrível.
As cobertas acabaram caindo e eu fiquei olhando às suas costas, brancas como tinta. Pequenas sardas envolviam aquele corpo lindo de mais. Ela começou a se mexer e suas omoplatas pareciam que em breve sua pele seria rasgada e se transformariam em asas. Meu anjinho. Meu anjinho iria voar para longe de mim.
Eu te amo Frederico, eu te amo muito.
Por um longo tempo o único som do quarto era o soluço dela. Depois de um tempo, nos abraçamos e transamos em homenagem aos bons velhos tempos.

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